Sobre o Dia do Pai numa perspetiva diferente, ou como esta celebração é vivida em famílias reconstituídas.

Já ouviu falar em Step Parenting ou em BlendingFamily? Pois, em inglês soa sempre melhor. Só o uso de certos nomes já é ele todo um gatilho e uma rasteira. A palavra madrasta é madrasta. Entendem o trocadilho?

Este post é para aqueles que não sendo pais, são.
Se não há muitas coisas escritas sobre este tema, então quando se trata de falar no masculino, nada aparece. Hoje resolvi falar destes pais. Não só porque é o Dia do Pai, mas também porque é um tema que me toca, em termos pessoais. Enquanto terapeuta familiar e de casal tenho tido muitas experiências e momentos significativos, mas a minha história pessoal vai ser sempre, para mim, a mais impactante.
Como estava a dizer, quando se toca neste tema, ainda um tanto ou quanto tabu, é sempre na perspetiva da mulher mãe. Muito pouco é escrito do ponto de vista da mãe(drasta) e muitíssimo menos ainda quando se fala do padrasto.
Claro que entendo o porquê, mas está mais do que na hora de nos pormos na pele daqueles que têm muito pouca voz. Empoderar quem deve ser empoderado.

Começamos logo com duas questões: Então pai (e mãe) não é quem cuida? Fartamo-nos de falar sobre isto quando nos referimos, por exemplo, a avós; ou para falar de pais ausentes. E padrastos? Pai continua a ser quem cuida, mesmo quando há um pai biológico presente?
E a outra questão que a primeira reflexão nos remete: Pai (e mãe) há só um?

Precisamos, num mundo com taxas de divórcio tão elevadas, reconsiderar e resignificar estes conceitos, estas questões.

Ser pai(drasto) não é fácil. É servir de modelo parental sem ser pai. Mas ser pai. Mas não ser o pai deles.
É preciso tirar o chip da competição. Aceitar outro adulto na vida dos filhos é difícil. Para todos. Confesso que no meu processo de divórcio foi das etapas mais difíceis. Confesso que quase morri de ciúmes.
Mas é muito importante pormo-nos no lugar do outro, por mais difícil que seja.
Eu não poderei falar, em termos pessoais, do que é ser madrasta. Mas sei o que é ter ao meu lado o padrasto dos meus filhos.

Há, ou deve haver, uma parentalidade partilhada. E nela cabe o pai, a mãe, a mulher do pai, o marido da mãe e outros adultos que tenham funções parentais. Mesmo não sendo “os” pais.
Chegar a uma co-parentalidade positiva não é fácil, é muito difícil que seja fácil, principalmente quando há madrastas e padrastos. E neste momento estou a falar do que é sentido pelos adultos, não pelas crianças – que obviamente transmitem de forma verbal ou não verbal essa dificuldade para os mais novos.

Este tema é um tema em aberto, em casa de cada um de vós. É preferível que o vejam como um workinprogress.

Se tiverem interesse que escreva mais sobre isto, por favor, sintam-se à vontade para o dizer.